segunda-feira, 6 de junho de 2011

O motivo de meu orgulho em ser da Betesda




Existe um verdadeiro tsunami na internet a respeito de um assunto já resolvido. A questão dos direitos civeis dos homossexuais. Tudo começa por que, graças a Deus, um homem, sério, competente, pensador sensível, e que, acima de tudo não é um alienado, falou o que todos já sabíamos, ou pelo menos, deveríamos saber. Que todos tem direitos iguais diante da lei.

O fato de este homem ser um religioso e ter a coragem de falar sobre um tabu da religião, deixou-me muito feliz, pois pela primeira vez alguém assim levanta esse debate.

Esse cara não é um maluco que está em desespero e para permanecer em evidencia, baixa o nível de forma deselegante, faz uso de mentira em suas declarações, parte pra agressões pessoais, visivelmente desequilibrado, em fim, um coitado que precisa de tratamento.

Estou falando de gente honrada, que caminha há décadas com sua comunidade, que não abriu mão da integridade, mantendo seus posicionamentos ainda quando isso lhe trouxe prejuízo, não trocou sua consciência por prestigio na comunidade evangélica.

Voltando a questão homossexual, eu também fui um intolerânte ridículo e preconceituoso.  Graças a Deus li o livro de Philip Yancey, “A Maravilhosa Graça”, entendi que Deus ama os homossexuais, assim como Jesus sabia que esses problemas existiam em sua época, Ele não os julgou, apenas mostrou-lhe o Reino de Deus. Ora, minha obrigação não é julgar, mas mostrar o Reino de Deus. Mais tarde o próprio Yancey em sua obra “Alma Sobrevivente”, contou a historia de Henri Nouwen , autor da “Volta do Filho Prodigo”, a reflexão mais linda que conheço sobre a parábola de Jesus, era homossexual, viveu sempre com o problema, tornou-se celibatário, mesmo por ser um sacerdote católico, abriu  mão do sexo e tornou-se um dos maiores cristãos que já ouvi falar.

Na minha medíocre experiência de liderar os jovens de minha igreja, conheci pessoas com esse problema, onde pude ajudar e durante nossa caminhada descobri que meus jovens “problemáticos” eram mais crentes que eu, suas vidas devocionais, suas experiências espirituais, suas lutas contra si mesmo, seus sofrimentos na adolescência, em tudo, percebi o quanto eram mais dignos do Reino de Deus, do que eu.

Quando os religiosos se revoltam contra declarações de igualdade e as leis que asseguram isso, mostra o quanto a religião os deixa tapados e alienados, não é em vão que os crentes são ridicularizados pela comunidade intelectual.

Hoje a sociedade pode ver que nem todos são assim, existe gente entre os cristãos que pensa, e que, sabem diferenciar questões morais e questões legais.

Quando os ministros do Supremo Tribunal Federal julgaram por unanimidade a legalização do direito civil homoafetiva, coisa que era obrigação do congresso resolver, mas a ignorância da bancada cristã não deixou, prova que essa é uma questão de direito e não de religião. Entre os juristas que compõem o STF, existem dinossauros conservadores e nem esses foram contra, pois direito civil é um direito fundamental, opiniões pessoais estão aparte disso.

Apenas a igreja insiste em permanecer na hipocrisia, o homossexualismo é um fato, inclusive dentro da igreja. Na igreja católica é muito mais profunda, são intermináveis as acusações de desvios sexuais contra o clero romano. As igrejas protestantes também estão cheios de problemas sexuais, mas que são jogados debaixo do tapete. As pessoas são ignoradas e vivem sofrendo, quando ocorrem os deslizes, são excluídas. Ouvi uma especialista disser que a cada cem homens, um, é um potencial pedófilo, para os protestantes está tudo bem, não existe problema.

Na Betesda aprendi a reconhecer esse problema, pois sabemos que ele existe, por isso tenho orgulho de fazer parte desta igreja neste tempo e ter Ricardo Gondim e Elienai Jr como meus lideres.

Esses caras não se venderam ao poder, não abriram mão de suas palavras, quando houve os cismas em Fortaleza eles permaneceram firmes, sofreram, mas não negociaram seus pensamentos, deixaram ir templos, membros e pastores. Diferente de igrejas, que em situações assim vira caso de policia e baixarias, lacram as igrejas com correntes e cadeados, pois para eles, a instituição, o poder, o patrimônio, o status  são mais importante que o caráter.

Ricardo é um exemplo por sua postura integra, ele não precisa voltar a trás para pregar em congressos pelo Brasil, embora saibamos de sua vocação a isso, a comunidade evangélica o tem como um herege e tentam destruir sua reputação, mas foi o mesmo que fizeram com Cristo.

Jesus revoltou os religiosos, quando amou e perdoou as prostitutas, embora saibamos que Ele não era a favor da prostituição, direito à vida é direito essencial e se sobrepõem a questão religiosa.  Jesus acusou os sacerdotes em suas incoerências teológicas, amor ao dinheiro e poder, foi expulso da sinagoga, ousou chamar Deus de pai. Quando foi posto em um julgamento seguiu firme, sua integridade custou-lhe à vida.

Estou na Betesda não por que é uma igreja perfeita, longe disso somos cheio de problemas. Admiro meus lideres não por serem os donos da verdade ou também por serem perfeitos, só quem os conhecem sabem o quanto são errantes como todos os demais humanos. Eu os admiro por eles terem coragem de refazerem suas convicções quando percebem que essas não respondem mais aos nossos dias, eles não precisam se auto enganar e enganar os demais para serem destacados no meio evangélico do Brasil.

Dou graças por caminharmos distantes do movimento evangélico do meu país.

Fico ainda triste quando digo que sou cristão e me associam a bruxos gospel ou melhor, charlatões milagreiros, gananciosos televisíveis, estelionatários da fé, preconceituosos, ignorantes, opressores, promotores de um descompasso cultural, fundamentalistas que estão dispostos a matar em nome da religião.

A Betesda vem se distanciando disso, os cortes são doloridos para nossa liderança, só eles podem disser o que estão passando, mas me emociono quando os vejo firmes, escrevendo e falando com beleza e genialidade.

Ricardo, Elienai, enfim todos os pastores da Betesda, obrigado por serem do jeito que vocês são. 

Tenho orgulho em segui-los, de viver esse tempo e de caminhar com essa igreja. Pois um dia a historia será contada e como já aconteceu se repetirá: hereges virarão santos, traidores virarão heróis, revolucionários virarão mártires e eu poderei disser - Conheci pessoas assim.

Jessé.  


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