domingo, 6 de junho de 2010

Testemunha da esperança




Quem diria...

Também vi o mundo mudar.

E as esperanças?



Sonhava em participar das bravuras,

Que mudaram meu tempo.

Minha formação familiar e religiosa

Roubou-me da utopia comunista.

Não fui um, “cara pintada”.

A cara da esperança.



Dei-me por gente

E a ditadura acabou.

Esperança em preto e branco.



Não votei, mas torci.

Que vergonha...

Um almofadinha

Disfarçado de esperança.



As utopias foram desfeitas,

Bem na minha frente.

Nas telas:

É muro que cai;

Um mito que vai;

Um vermelho revela o seu desbote.

Esperança sem cor.



Mudanças de outrora,

Dos franceses, ingleses,

Não foram brindados com imagens.

Esperança sem cara.



Mudança do tempo do desenvolvimento,

Vemos e nos chocamos.

Como ainda somos atrasados.

Contemporâneos das esperanças!



O homem evolui:

Pra criar duas grandes guerras;

Pra desenvolver armas de destruição em massa;

Pra usá-la contra as esperanças.



Acabar com a escravidão,

Sem erradicar a fome!

O berço da humanidade,

A nossa mãe

Segue definhando.

Só que agora é

Ao vivo e a cores.

Nas telas planas, plasmas, LCD e outras mais...

Esperança virtual



Gente espoliada, mundo livre!?

Mundo real.

Cadê as esperanças?



Eu evoluí?

Deitado em minha cama,

Vejo o mundo.

Acompanho tecnologia nascer e morrer,

Orgulho capitalista desaba em escombro,

O retirante operário virar presidente,

O dinheiro verde e forte enfraquece,

Gigantes desabam,

Um negro vira o homem mais poderoso da terra,

Moeda única do bloco poderoso

Cambaleia junto com as esperanças.



Quem diria.

Eu!

Testemunha ocular.

Fomos encontrados no mapa,

Mas cadê as esperanças no atlas?



Qual será a missão da minha geração?

Penso que é salvar o mundo.

Salvar de nós mesmo.

É salvar as esperanças.




Lixo, devastação da nossa casa.

Fome, devastação do nosso próximo.

Guerra, devastação do nosso amor.

Egoísmo, devastação das esperanças.




Vi sim, o mundo mudar,

Não o vi evoluir.

Sonho em participar das mudanças.

Mas não tenho coragem.

Fico aqui covardemente,

Assistindo de camarote.

Esperança está deitada.



Ainda há.

Tem que haver.

Tenho que despertar.

Tenho que deixar

Esperança para meus filhos.

Trazem a força,

Eles são as esperanças.



Vejo esperança

Sempre renascendo.

Esperança talvez seja de cor verde.



Mudanças,

Não importa a muito a cor.

Enquanto houver essa possibilidade

Ainda haverá esperança.





Jessé